sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Um possível retorno

Luana já passou dos dois anos. E pensar que já pensei em jamais ser pai... É uma experiência única, e não me arrependo em momento algum.
Depois deste tempo todo afastado, venho imaginando meu retorno aos textos. É claro que terei muita dificuldade, pois tenho trabalhado tanto que o tempo que sobra passo com minha família. O que importa é que aquela chama literária retornou, mas ainda estou sondando, analisando, formulando como seria melhor retornar. Tenho muito a dizer, mas sou apenas um.
Veremos!

Um abraço a todos!

terça-feira, 3 de abril de 2012

Papai coruja

Luana já completou 5 meses. E pensar que em minhas diversas fases já afirmei não pretender casar e até mesmo não ser pai. 

Hoje não consigo imaginar como posso ter pensado dessa forma. Confesso que a idéia de chegar aos 30 anos sem ter uma família me assustou e serviu de choque para que eu acordasse e resolvesse trabalhar para ter uma.

Luana não veio no susto, mas também não veio com tudo preparado, como Roberta e eu gostaríamos. Para falar a verdade, nosso plano era nos estabilizarmos profissionalmente, casarmos, termos uma casa e, em cerca de 3 ou 4 anos, ter um bebê. Era um bom plano, mas um cisto no ovário da Roberta complicou um pouco a situação e tivemos que escolher entre uma cirurgia para remoção de um dos ovários ou uma tentativa de gravidez. Segundo a médica, a gravidez poderia fazer o cisto desaparecer e, caso isso não ocorresse, acompanharíamos de perto a gestação. Nossa escolha foi óbvia, mesmo porque uma cirurgia implicaria em recuperação, medicamentos e uma dificuldade maior para engravidar, e isso podeira consumir mais tempo do que gostaríamos.

Fiquei muito feliz com a gravidez de Roberta. Embora ela tenha ficado muito mais vulnerável e tenhamos brigado mais durante os primeiros meses, eu amei muito cada momento (mesmo ela dizendo o contrário) e tenho grande orgulho como pai e marido pela menina que tivemos.

Não ha palavras para definir o amor que sentimos pelo nascimento de nossa filha, ainda mais com o desespero que foi a semana do parto. O medo que senti e a correria que fiz atrás de um médico nesta cidadezinha (que considero uma pseudo-província) só foi compensado quando vi aquela coisinha linda no berçario, enroladinha no cobertor e já de olhos abertos. Nasceu perfeita, saudável e forte! Naquele momento chorei muito de alegria e alívio e sequer imaginava o quanto riria da alegria que ela traria para nossa família daquele momento em diante.

Nossa pequena apronta a cada dia mais travessuras e sempre com um sorriso simpático no rosto. E eu amo muito isso.


sexta-feira, 11 de novembro de 2011

O que me faz continuar?

Quando meu dia de trabalho acaba, mesmo sendo aquele dia que tudo deu errado e sei que não terei um dia seguinte tranquilo, basta lembrar do que tenho em casa me esperando, então saberei também que tenho motivo para sorrir e isso me faz continuar, porque um momento como este não se mede e não se esquece:





quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Creep, Radiohead

Creep, Radiohead
  Verso corta-pulso:

“Mas eu sou um verme / Eu sou um esquisitão / Que diabos estou fazendo aqui? / Eu não pertenço a esse lugar”

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Tanto pra fazer,
metas a atingir.
 Coisas a dizer,
folhas a imprimir.

Textos sem acabar,
Idéias a compor,
O café a esfriar,
Almoço sem sabor.

O dia a correr,
trabalho a acumular.
Sem tempo a perder,
todo dia, sem parar.

Essa quarta-feira quer me matar, mas tudo bem, uma hora ela acaba e eu consigo chegar vivo em casa para ver minha família e dormir tranquilo.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Primeiros relatos de um pai coruja

Esta foi a primeira noite em claro após a alta da maternidade de minha esposa e minha filha. Simplesmente não consegui dormir, mas foi por uma causa sublime.
Luana foi uma sementinha desejada e muito esperada por Roberta e eu. Não víamos a hora de ver o rostinho de nossa princesinha e estamos tão encantados pela nossa garotinha que não nos agüentamos de tanta alegria.
Um amigo disse que tudo mudaria, e que quando eu a visse pela primeira vez seria impossível não chorar pela sensação que teríamos. Ele estava certo! Não consigo deixar de chorar de felicidade quando a vejo fazendo as mais variadas caretas enquanto procura o leite na mãe.
Chorei desesperadamente no pesadelo que foi o atendimento demorado e conturbado anterior à internação, e deste fato não direi mais uma palavra neste texto, mas quando a vi pela primeira vez no berçário não pude deixar de exclamar: “Deus, como ela é linda, obrigado!” – e chorei de felicidade.
Desde então não consigo deixar de repetir para a Roberta como nossa filha é linda e chorar com um sorriso bobo de orelha a orelha. E como todo pai novato eu fico apreensivo com cada ruído, cada sinal diferente e cada movimento que ela faz.
A noite também foi muito fria, com um vento gelado daqueles que passam assoviando, portanto redobrei os cuidados e fiz questão de acompanhar o sono de minha menininha, mas ela teima em não dormir bem à noite no berço. Depois de muitas tentativas, acabamos cedendo e colocando-a entre nós dois, e assim dormiu sem interrupções durante o resto da noite.
Minha esposa também dormiu, pois estava muito cansada e, me conhecendo como conhece, sabia que eu não pregaria o olho. Estava certa também, pois não consegui descansar sabendo que Luana, aquele pedacinho de felicidade incomensurável, estava ao meu lado. Só pelo pavor de machucá-la não poderia jamais dormir relaxado e então de pouco em pouco cochilava para acordar de sobressalto e procurar imediatamente o rostinho dela e confirmar se estava tudo em ordem.
Foi uma noite de preocupação paternal, mas muito gostosa, pois não há palavras em qualquer idioma para descrever o que senti.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

O destino de cada um está atrelado às decisões tomadas pelo próximo e por nós mesmos


No domingo fui à casa de minha noiva buscá-la para irmos a um aniversário. Dirigia devagar. Sempre procuro ter cuidado e agora que ela está grávida, e a poucos dias de ter nossa filha, procuro ser mais zeloso ainda.
Minha cidade é pequena – nem sequer possui semáforos – e por isso mesmo depende-se mais do respeito às leis e ao próximo do que apenas à sinalização, mas infelizmente não é o que acontece.
Peguei a avenida e continuei dirigindo tranqüilo até chegar a um ponto com um senhor em cima da faixa de pedestre, tentando atravessar. Obviamente parei o carro, pois não há tráfego nesta cidade que justifique uma falta de respeito e, aliás, era direito do cidadão ter a preferência e minha obrigação como motorista respeitá-lo.
De início ele estranhou, pois não é hábito deste povo de mente provinciana e comportamento semibárbaro o respeito ao próximo, mas iniciou a travessia. Lá no fundo, pelo retrovisor, vi um veículo em alta velocidade se aproximando. O senhor havia atravessado quase toda a frente do meu carro quando o outro motorista passou pela minha direita ignorando a faixa e o pedestre, passando a uns trinta centímetros dele.
Ainda aguardei o senhor chegar à calçada e recebi um aceno de mão, agradecendo a gentileza, enquanto o outro motorista já fazia a curva no final da avenida.
Fiquei muito irritado com a atitude do motorista. Sinceramente, gostaria de vê-lo sendo punido, mas isso foge à minha vontade. No entanto, refletindo sobre isso e voltando um pouco a história ao ponto em que parei aguardando o senhor atravessar, caso ele não tivesse vacilado os 2 ou 3 segundos  para atravessar a rua, teria sido atropelado.
Meu desejo teria se realizado de uma forma distorcida, pois o motorista seria punido, mas a um custo muito alto e então, hoje, quando escrevia estas linhas, lembrei da seguinte passagem da conversa entre Gandalf e Frodo, em O Senhor dos Anéis.

(...)
“...É uma pena que Bilbo não tenha apunhalado aquela criatura vil, quando teve a chance!
— Pena? Foi justamente Pena que ele teve. Pena e Misericórdia: não atacar sem necessidade
(...)
...Merece a morte.
— Merece! Ouso dizer que sim. Muitos que vivem merecem a morte. E alguns que morrem merecem viver. Você pode dar-lhes vida? Então não seja tão ávido para julgar e condenar alguém à morte. Pois mesmo os muito sábios não conseguem ver os dois lados."
(...)

J.R.R. Tolkien
O Senhor dos Anéis: A sociedade do Anel
Livro 1, capítulo 2