sábado, 27 de março de 2010

Despedida


 Das palavras que escrevo aqui guardarei em memória um dos períodos mais felizes da minha vida, apesar do fim. Muitos comemoraram e comemorarão ainda por muito tempo o desfecho, mas eu sorrirei e dormirei tranquilo, tendo a certeza do amor que dei e, principalmente, recebi.

Do futuro que jamais saberei,
Ficou o sabor do beijo que dei.
Destas lágrimas que vejo agora,
Lembro apenas do sorriso de outrora.
Ai de mim, por decidir, em momento de aflição
A dor que causo, agora, em teu coração.

Se pudesse a vida decidir voltar
E te fazer mais uma vez sonhar,
Qual seria sua escolha final,
Talvez uma vida de amor sem igual?
Dos momentos que em vida lembrarei,
Terei sempre você, que um dia amei!

E haverá quem diga que não foi inteiro
O sentimento que por você foi verdadeiro,
E também dirão, totalmente sem razão,
Que foi uma troca boba, por outra paixão.
Mas a verdade é que foi minha única amada
E dona de minha alma, agora só e cansada.

28/02/2010
Por Rafael Franzin

quinta-feira, 25 de março de 2010

Versos íntimos

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!

Augusto dos Anjos


Não sei, de repente deu vontade de postar estes versos. O cara era foda!

terça-feira, 23 de março de 2010

Vazio


Olhava fixamente para o relógio. Os ponteiros andavam, o tempo passava, mas a casa permanecia vazia. Calado, continuava ali, inerte, apenas acompanhando o caminho enfadonho dos ponteiros. Já era noite, a casa estava mergulhada naquele silêncio sepulcral. A penumbra também lhe fazia companhia. Não havia mais ninguém, não podia compartilhar suas lembranças, suas andanças, seus amores e temores. Amigos já não tinha, companhias não queria. Era uma casa morta, era uma alma morta, e a única certeza era a passagem do tempo, marcada a cada segundo pelos ponteiros do relógio. E ele permanecia ali, inerte, olhando para os ponteiros do relógio.

Imagem:http://gritosnoturnos.blogspot.com/2010/01/alma-perdida.html
 

domingo, 21 de março de 2010

Solidão

Saiu para um passeio noturno esperando encontrar alguém com quem conversar. Enquanto andava, notava o movimento de veículos e pessoas por todas as ruas, indo e vindo. Em cada bar, em cada lanchonete ou praça, o olhar ávido corria à procura de um rosto familiar. Nada!
Continuou à procura por algumas horas até que se cansou e sentou em um banco na praça e ficou observando o movimento. Em cada roda, em cada grupo de amigos, via o reflexo daquilo que não era.
De um lado, duas amigas conversavam animadas enquanto esperavam alguém, em um banco mais próximo, um casal jovem discutia a relação. Mais à frente, a entrada e saída de pessoas em um bar aumentavam cada vez mais, e a praça ganhava vida em uma noite de sábado.
Ele permaneceu ali, paciente, embora por dentro todas as vontades quisessem explodir. Tinha tanto para falar, queria tanto ouvir. Estava tudo lá, pronto para ser dito, pronto para ser vivido, queria participar, queria interagir, mas sua situação não permitiria, estava só. E ninguém iria ouvi-lo.