Esta foi a primeira noite em claro após a alta da
maternidade de minha esposa e minha filha. Simplesmente não consegui dormir,
mas foi por uma causa sublime.
Luana foi uma sementinha desejada e muito esperada por
Roberta e eu. Não víamos a hora de ver o rostinho de nossa princesinha e
estamos tão encantados pela nossa garotinha que não nos agüentamos de tanta
alegria.
Um amigo disse que tudo mudaria, e que quando eu a visse
pela primeira vez seria impossível não chorar pela sensação que teríamos. Ele
estava certo! Não consigo deixar de chorar de felicidade quando a vejo fazendo as
mais variadas caretas enquanto procura o leite na mãe.
Chorei desesperadamente no pesadelo que foi o atendimento
demorado e conturbado anterior à internação, e deste fato não direi mais uma
palavra neste texto, mas quando a vi pela primeira vez no berçário não pude
deixar de exclamar: “Deus, como ela é linda, obrigado!” – e chorei de
felicidade.
Desde então não consigo deixar de repetir para a Roberta
como nossa filha é linda e chorar com um sorriso bobo de orelha a orelha. E
como todo pai novato eu fico apreensivo com cada ruído, cada sinal diferente e
cada movimento que ela faz.
A noite também foi muito fria, com um vento gelado daqueles
que passam assoviando, portanto redobrei os cuidados e fiz questão de
acompanhar o sono de minha menininha, mas ela teima em não dormir bem à noite
no berço. Depois de muitas tentativas, acabamos cedendo e colocando-a entre nós
dois, e assim dormiu sem interrupções durante o resto da noite.
Minha esposa também dormiu, pois estava muito cansada e, me
conhecendo como conhece, sabia que eu não pregaria o olho. Estava certa também,
pois não consegui descansar sabendo que Luana, aquele pedacinho de felicidade incomensurável,
estava ao meu lado. Só pelo pavor de machucá-la não poderia jamais dormir
relaxado e então de pouco em pouco cochilava para acordar de sobressalto e
procurar imediatamente o rostinho dela e confirmar se estava tudo em ordem.
Foi uma noite de preocupação paternal, mas muito gostosa,
pois não há palavras em qualquer idioma para descrever o que senti.