quinta-feira, 1 de abril de 2010

Diálogo com a Sombra

—O que o preocupa, meu senhor?

—Suspeito que a Solidão, ou, talvez, a Escuridão.

—Não tenha medo, “Solidão é aprendizagem!”, assim diz o Poeta.

—Mas e a Escuridão, minha tenebrosa e inseparável Companheira, o que é ela?

—Ora, a Escuridão é o Reino. Aceite a verdade, Senhor, não há luz sem sombra!

—Não creio! É pior, Solidão é meu tormento, Escuridão é teu alento!

—Talvez, meu Senhor, talvez. Mas, ainda assim, é teu fardo. É tua sina. É o que
está escrito no firmamento. Não pode fugir de teu destino.

—Tem razão, enfim. Somos parte um do outro, devo também aceitar o exílio de tal Tormento, quando a Dama chamar-me com voz tão terna.

—Relaxe, meu senhor, ainda não chegou a hora. O Tempo é o melhor mestre. Ele dará a resposta que procura.

—E quanto custará a espera por tal resposta, minha intempestiva amiga?

—Sabe o valor, terá que pagar por seu partido amor. Cobiçada é tua alma sofrida. Ela será o pagamento do Ceifador.

— Feliz é você, Sombra, que não tem alma, não sangra, não sofre.

—Pode estar certo, meu senhor, mas em termos, pois eis que também não tenho vontade própria, sou um mero reflexo distorcido da tua alma, do teu sofrimento. Se fosse diferente não estaria aqui conversando comigo numa noite invernal, enquanto a vida pulsa no mundo lá fora.

—Que mundo pulsante é esse, minha negra confidente? Fala deste mesmo mundo que ceifa minha vontade com mentiras, que dilacera minha alma com o martírio da solidão?

—E você, meu senhor, nunca fez o mesmo com outrem? É agora um santo? É também humano! Comete teus erros, sabe muito bem disso. Não negue que parte deste sofrimento é fruto de tuas falhas.

—Não nega tua origem, Maldita. É mesmo filha do Noite, e tão indolente quanto o Tempo!

—Indolente? Eu? Ainda insiste em cometer o mesmo erro, Senhor. Sou teu reflexo!

—...

—Calou-se agora? Por que? Minhas palavras ferem teu coração? Creio que não, Senhor, é o único responsável por tuas chagas. Fere-te a ti mesmo. Tua consciência é teu pior pesadelo. Fique sozinho, fique no escuro. A Escuridão será tua companheira, a Solidão tua guia...

02/11/2005

Por Rafael Franzin

Este texto é mais um dos antigos que localizei enquanto fazia faxina no laptop. Eu havia esquecido de citar a data e o nome, mas agora o problema foi corrigido.
Respondento a uma questão.... Sim, os textos são meus! Quando não são, eu cito o autor ou, se o texto for baseado na obra de alguém, eu faço a citação também.

quarta-feira, 31 de março de 2010

A Mão do Ceifador


No tormento de uma noite escura, vejo a sombra austera da morte caminhando solitária por ruas vazias.

De olhar penetrante, ela avança resoluta na direção de sua presa indefesa e alheia ao fato de ser a escolhida.

Por onde passa, a Sombra gela o sangue de homens e satura o ar com seu aroma fúnebre, reivindicando o que lhe pertence.- a vida.

Cada vez mais próximo, o Aniquilador prepara-se para a consumação de seu toque letal, elevando acima da cabeça a foice brilhante e afiada, invisível aos olhos mortais, e cada vez mais, as pessoas sentem-se ameaçadas com sua presença impiedosa.

O homem velho e doente aproxima-se de sua sina tossindo e não percebe o que o espera, nem poderia, ele apenas segue em direção ao cais da mesma forma que faz todos os dias.
O velho tropeça e cai. No chão, vê em sua frente um Senhor envolto em capuz negro estendendo-lhe a mão. Fica feliz com a gentileza do estranho, mas ignora sua natureza ancestral.

 Não receia o Anjo da Morte, já viu muitas coisas em sua vida e sabe que o tempo não lhe pertence mais, porém, ainda não pode prever o que acontecerá em seguida.

Sem medo, o velho entrega-lhe agradecido a mão e da mesma forma renuncia a própria vida.

Por um momento o tempo torna-se inerte - o silêncio da morte corre aos quatro ventos e se afoga na noite perpétua. O Terror Noturno olha com compaixão para o velho.

Está feito. Enfim, o velho aceitou ser guiado pela mão do Ceifador!
 
26/03/03

Por Rafael Franzin


Este texto é bem antigo, e nem me lembrava mais dele. Hoje, fazendo uma faxina no laptop encontrei uma pasta com todo o material daquela época. Espero que gostem!

terça-feira, 30 de março de 2010

Homem empurra suicida por achar que ele só queria chamar atenção

Essa postagem eu tinha que fazer. Sou fã desse cara! A matéria é antiga, se não me engano do ano passado.

Tirei daqui: http://www.malametal.com/2009/05/vai-se-suicidar-na-casa-do-caralho.html

Uma cena inusitada ocorreu neste sábado na cidade chinesa de Guangzhou. Um suicida havia subido em uma ponte, enquanto ameaçava jogar-se,quando foi abordado por um expectador.
Lian Jiansheng, um soldado da reserva, passou por um cordão de isolamento policial que dava acesso ao suicida, Chen Fucchao e acabou empurrando-o da ponte. A queda de oito metros foi amortecida por um enorme colchão de ar que estava quase cheio.
Ao ser questionado sobre a inusitada atitude, Chen declarou ao jornal Daily China: “Empurrei porque suicidas, como Chen, são muito egoístas. Suas atitudes violam muitos dos interesses públicos. Eles não querem suicidar-se, só querem chamar a atenção das autoridades importantes do governo”.





O suicida foi levado ao hospital onde foi hospitalizado com algumas lesões no pulso e nas costas. Ele estava devendo 2 milhões de yuans, motivado por um fracasso imobiliário.

Aos meus leitores

Queria mandar um abraço para o pessoal de Porto Ferreira, pois fiquei sabendo que andam lendo em peso meu blog. A resposta é sim, tenho influências góticas! Também sou depressivo, introspectivo, aprecio cemitérios, arquitetura gótica e outras coisas desse tipo. Adoro literatura fantástica, meus escritores favoritos são Edgar Allan Poe e H. P. Lovecraft e tenho muito som de bandas conhecidas, desconhecidas e das que ainda não existem (oO) rsrsrs.
A outra resposta é não! Eu não escrevo sobre o que está acontecendo comigo no momento, como disse em outro post. Não estou revoltado com nada, mas como diz Poe, em a Filosofia da Composição, não se pode dizer que o escritor cria algo com base da “inspiração”, pois isso não existe, o que existe consistem na utilização de ritmo, palavras e outros símbolos textuais para criar a obra e causar o efeito no leitor. É isso – causa e efeito.
Se gostam do que estão lendo, por favor, comentem! Vocês não fazem idéia de como é tedioso escrever sem saber que está sendo lido e, mais que isso, apreciado (ou execrado).
Um abraço!


domingo, 28 de março de 2010

Ácido!

Sei bem eu as dores e delícias de ser o que sou, não precisam apontar meus defeitos, tenho espelho em casa. Não quero falsas amizades, a sociedade já é hipócrita o suficiente para isso.

Não escrevo para agradar um público, escrevo como catarse. Escrevo porque gosto. Não quero ser gramaticalmente correto, não quero ser métrico, rítmico, quero ser eu mesmo. Cansei do padrão, cansei de tudo. E não me interessa o que irão dizer ou pensar, só quero uma oportunidade de me exteriorizar.

E não, o que está escrito não é a minha vida, é uma releitura de como vejo algumas cenas. Já dizia Poe e todos os formalistas russos – "obra e autor são duas coisas totalmente diferentes".

Não sabe quem foi Poe ou os formalistas russos? Então vá estudar!

Como diz um grande amigo: “Minhas amizades são obtidas da seguinte forma: Aqueles que conhecem Baudelaire e aqueles que não conhecem.”

Então eu pergunto: Você conhece Poe e a Filosofia da Composição? Não? Então o que está fazendo perdido neste blog?

Ninguém o viu chorar

Seu olhar passava pelo salão cheio de vultos à procura de um rosto conhecido. Todos estranhos. Estava ansioso, mas não havia motivos para isso, procurava algo, procurava alguém, procurava ninguém, apenas fitava cada rosto na penumbra. Tudo era novidade.
Entre conversas e risadas, ouvia a noite na pele de um estranho, alguém calado e solitário em um balcão rodeado de sorrisos e copos. Ignoravam-no! E ali permanecia na pele de uma rocha, com a alma de um poeta, taciturno, acompanhando como um mero espectador a vida noturna.
Lá fora uma leve chuva caia, refrescando a noite e agrupando os transeuntes que não queriam se molhar. A cada minuto mais pessoas entravam, e mais copos passavam pelo balcão onde estava. No entanto, continuava invisível.
E neste momento, pensativo, olhando para fora, a viu de relance passando alegre e sorrindo, acompanhada. Foi então que aquela rocha fria, encostada no balcão, mudou a feição no rosto e se entristeceu. Se fosse possível ser visto, se alguém quisesse ou fosse capaz de enxergá-lo, poderia jurar que uma lágrima amargurada caiu de seus olhos.

28/03/2010

Por Rafael Franzin