segunda-feira, 8 de março de 2010

A mente dominada


E sentado na varanda relaxava, enquanto aos poucos sua mente voltava a trabalhar no ritmo normal, a se recuperar do pesadelo que sofrera até então de forma agonizante, porém calado.
O que fora Aquilo? Talvez não soubesse responder, mas aquela coisa se apossou de sua vida como se fosse um milagre, e de repente o agarrou com força e passou a sufocá-lo, sugar sua vontade, sua vida. De início aos poucos e timidamente, mas com o tempo a discrição foi abrindo espaço para tragos cada vez mais vorazes e delirantes, e sua Essência passou a ser consumida fazendo-o esquecer muitas coisas, inclusive quem era.
Neste esquecimento abandonou quase tudo, passando a ser um fantasma, uma criatura solitária que vagava entre dois mundos, mas que no fundo não pertencia a nenhum deles. Esqueceu a Poesia, esqueceu a Literatura, esqueceu que havia um mundo lá fora, já não sabia escrever, já não ouvia música, perdeu contato com a vida social e tudo isso para cada vez mais mergulhar em um poço de solidão e desespero. No entanto, este mergulho era consentido, uma vez que os laços que o prendiam eram tão ternos e aconchegantes.
Mas eis que a mente humana nos prega peças, e também junta peças de quebra-cabeças, e então despedaça falsas realidades. E destes cacos podemos enxergar o Horizonte. Sendo assim, com um brilho no olhar, a realidade por trás do véu surgiu uma vez mais, revelando desesperadoramente o quanto estava afundado no esquecimento.
Reagiu! Mesmo em dúvida do que fazia, preferiu a certeza do resultado e enfrentou a Coisa como se fosse um inimigo impiedoso. Nesta luta prevaleceu sua vontade pela vida, e assim saiu vitorioso.
Agora descansava sentado na varanda, relaxado, fitando resoluto o Horizonte, pois lá estava seu Destino...

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