quarta-feira, 31 de março de 2010

A Mão do Ceifador


No tormento de uma noite escura, vejo a sombra austera da morte caminhando solitária por ruas vazias.

De olhar penetrante, ela avança resoluta na direção de sua presa indefesa e alheia ao fato de ser a escolhida.

Por onde passa, a Sombra gela o sangue de homens e satura o ar com seu aroma fúnebre, reivindicando o que lhe pertence.- a vida.

Cada vez mais próximo, o Aniquilador prepara-se para a consumação de seu toque letal, elevando acima da cabeça a foice brilhante e afiada, invisível aos olhos mortais, e cada vez mais, as pessoas sentem-se ameaçadas com sua presença impiedosa.

O homem velho e doente aproxima-se de sua sina tossindo e não percebe o que o espera, nem poderia, ele apenas segue em direção ao cais da mesma forma que faz todos os dias.
O velho tropeça e cai. No chão, vê em sua frente um Senhor envolto em capuz negro estendendo-lhe a mão. Fica feliz com a gentileza do estranho, mas ignora sua natureza ancestral.

 Não receia o Anjo da Morte, já viu muitas coisas em sua vida e sabe que o tempo não lhe pertence mais, porém, ainda não pode prever o que acontecerá em seguida.

Sem medo, o velho entrega-lhe agradecido a mão e da mesma forma renuncia a própria vida.

Por um momento o tempo torna-se inerte - o silêncio da morte corre aos quatro ventos e se afoga na noite perpétua. O Terror Noturno olha com compaixão para o velho.

Está feito. Enfim, o velho aceitou ser guiado pela mão do Ceifador!
 
26/03/03

Por Rafael Franzin


Este texto é bem antigo, e nem me lembrava mais dele. Hoje, fazendo uma faxina no laptop encontrei uma pasta com todo o material daquela época. Espero que gostem!

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