domingo, 28 de março de 2010

Ninguém o viu chorar

Seu olhar passava pelo salão cheio de vultos à procura de um rosto conhecido. Todos estranhos. Estava ansioso, mas não havia motivos para isso, procurava algo, procurava alguém, procurava ninguém, apenas fitava cada rosto na penumbra. Tudo era novidade.
Entre conversas e risadas, ouvia a noite na pele de um estranho, alguém calado e solitário em um balcão rodeado de sorrisos e copos. Ignoravam-no! E ali permanecia na pele de uma rocha, com a alma de um poeta, taciturno, acompanhando como um mero espectador a vida noturna.
Lá fora uma leve chuva caia, refrescando a noite e agrupando os transeuntes que não queriam se molhar. A cada minuto mais pessoas entravam, e mais copos passavam pelo balcão onde estava. No entanto, continuava invisível.
E neste momento, pensativo, olhando para fora, a viu de relance passando alegre e sorrindo, acompanhada. Foi então que aquela rocha fria, encostada no balcão, mudou a feição no rosto e se entristeceu. Se fosse possível ser visto, se alguém quisesse ou fosse capaz de enxergá-lo, poderia jurar que uma lágrima amargurada caiu de seus olhos.

28/03/2010

Por Rafael Franzin

Nenhum comentário:

Postar um comentário